Você não faz nada direito
Do inglês: “demeaning”. Uma tradução que não faz violência ao termo é “diminuição“. Diminuição do próximo é o que você faz quando, no momento de raiva, esbraveja frases que começam com “você”.
— Você não faz nada direito!
— Você não presta atenção, mesmo!
— Você é um desajeitado!
— Mas você só pode fazer isso de propósito!
Eis aqui uma lição que vai além da empresa e chega ao lar, e além do lar e chega na empresa. Diminuição nunca ajuda em nada. Quando você esbraveja esse tipo de coisa inpensada para alguém, você diminui esse alguém e só consegue piorar a situação.
Quem comete erros não quer, não necessita e não merece ser diminuído. Quando você usa a diminuição como penalidade por erros, você está tirando o que resta de boa vontade de quem os cometeu. Afinal, por que eu deveria me preocupar em mudar, já que você está dizendo com todas as letras que esse erro é uma característica intrínseca à minha natureza? Por que eu deveria dar ouvidos a quem parece me odiar?
Quando o prato cheio de comida caiu no chão e quebrou-se, eu não preciso adicionar um rosto cheio de raiva à situação. O que eu preciso é de ajuda! A consequencia do erro já é, em si, uma das melhores lições a respeito do meu comportamento e a vida já cuida para que eu a receba. O que eu espero de você é empatia. E ajuda para limpar a sujeira.
A empatia abre portas. Não vale nada você ser um poço de sabedoria infinita se as pessoas querem distância de você. Você foi buscar material de limpeza para ajudar quem derrubou o prato de comida no chão? Você não precisa e nem deve fazer toda a limpeza, mas pode facilitar as coisas. É somente depois do “muito obrigado” que o “você deveria prestar mais atenção aos próprios passos” é realmente eficiente. É somente depois de você ativamente ajudar a desfazer o Grande Acidente junto ao precioso cliente da empresa que, finalmente, você poderá recitar as Grandes Lições sobre como não permitir que isso volte a acontecer e ser ouvido atentamente.
Diminuição gera efeitos negativos. O ser humano sente-se pior do que já está, se entristece além da conta e considera-se culpado por algo que, a princípio, pode acontecer com qualquer pessoa.
(Claro, as maldades cometidas voluntariamente estão sujeitas a tratamentos diferenciados.)
Controle suas emoções, tome atitudes práticas e positivas, evite a diminuição e pratique a empatia.
Ou saia por aí alargando feridas e queimando pessoas. Fica a teu critério.
Este artigo foi escrito originalmente em 14/08/206.