Moderação é bom

Agir sem pensar é ruim, mas ficar pensando e nunca agir é ainda pior. Comparar-se com os outros é ruim, mas não ter nenhuma fonte de inspiração é pior. Ser reativo é ruim, mas não responder a absolutamente nada é pior.

Desejar riquezas apenas pela riqueza é ruim, mas ter zero ambição também não é bom. Exagerar nos exercícios físicos é ruim, mas o sedentarismo completo não é melhor. Agir como se tivesse poder sobre os outros é ruim, mas relegar a vida à expectativa zero com os outros também é péssimo.

Veneno ou remédio: a diferença está na dose.

A melhor proporção, a meu ver, geralmente é a de ouro: 0,618. Ou 61,8%.

Ser completamente apático é 0%. Ser completamente apaixonado e reativo é 100%. Ser “mais ou menos” é estar no 50%. Mas “mais ou menos” não avança a vida, é simplesmente não/não: não é pouco, mas também não é muito. 61,8% de paixão é o ideal.

Adotar a absoluta pobreza (a não ser que de maneira muito propositada) é 0%. Amar o dinheiro seria o 100%. Encarar tudo buscando simplesmente não enriquecer nem empobrecer é 50%. Me parece saudável manter-se em 61,8% nesse aspecto.

Desprezo total pelas pessoas à sua volta é 0%. Hiper-proteção destas seria 100%. O “nível de manutenção” é 50%. Novamente, o saudável mesmo é gravitar em torno dos 61,8%.

Indiferença quanto ao sofrimento alheio é 0%. Doar-se completamente em prol dos outros (a não ser que essa seja sua vocação, de fato) seria 100%. “Só o socialmente esperado” é 50%. Você pode melhorar isso sem exagerar: encontre o que leva sua atitude ao 61,8%.

Mas fique atento: a proporção áurea não se aplica a tudo:

Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. (Marcos 12:30)