Sob o Pórtico

O medo de enfrentar a vida à sua volta disfarça-se muito bem sob o manto do trabalho, dos estudos ou de qualquer outra coisa que aparente ser nobre o bastante. Nós tomamos algo que em si mesmo não é ruim e transformamos isso numa fuga, numa caverna para onde podemos correr e deixar a vida passar sem nossa presença e, especialmente, sem assumir responsabilidades.

E nem sempre isso é um esforço deliberado. Nossa mente vai aos poucos curvando-se e se embaçando e, quando nos apercebemos, já estamos dominados pela nossa fuga e introduzindo a frase “eu gostaria, mas não tenho tempo para nada” em nossa conversação.

O objetivo da sua vida provavelmente não é seu trabalho ou seus estudos. Aquilo que parece sugar 100% do seu tempo continuaria lá funcionando bem com apenas 50% do seu tempo. Experimente. Comece a olhar para isso como apenas uma parte da sua vida e entenda que sua responsabilidade como homem é estar presente, alerta e pronto onde quer que você esteja.

Você provavelmente descobrirá não somente que tem tempo para fazer o que gostaria tanto de fazer como acabará tendo tanto tempo em mãos que se sentirá incomodado por “não fazer nada”. Muito se fala sobre a necessidade de descanso e repouso, mas pouco se chama a atenção ao fato que uma vida que não é dominada por uma fuga nobre naturalmente tem tempo de sobra ao ponto de a mente precisar ser convencida que, sim, é perfeitamente okay dedicar parte desse tempo a uma dose saudável de ociosidade.