Você só começa a pensar em propósito nos momentos ruins da vida. Quando está de saco cheio do trabalho, quando o casamento vai mal, quando o carro estraga, quando só o que tem na mesa é um pão que já está meio velho.
Estando deprimido, vem logo à mente a ideia de que está faltando algo na sua vida, que talvez você deva procurar “o seu propósito”, que, encontrando-o, as coisas passariam a ter mais sentido, mais cor, mais gosto, mais graça.
O que possui o conhecimento guarda as suas palavras, e o homem de entendimento é de precioso espírito. Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido. (Provérbios 18:27-28)
Você não precisa ter opinião formada sobre todas as coisas. É muito melhor que, quando tiver opinião, esta seja bem embasada e articulada. Se não, dizer “não sei” será o bastante. Ou simplesmente diga “conte-me mais a respeito” e fique em silêncio, ouvindo.
Pior ainda do que ter opinião sobre tudo é emitir opinião sobre tudo. Novamente: você não precisa. Experimente ficar quieto. Quanto mais você fala, menos valor tem suas palavras e mais chance você dá a si mesmo de falar besteira.
Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens. (Colossenses 3:22,23)
Como você faz uma coisa é como faz todas as coisas. Faça tudo com excelência, torne isso parte do seu caráter.
Arranjar desculpas para fazer as coisas de qualquer jeito torna você um fraco e te habitua a fazer isso mesmo: arranjar desculpas e fazer as coisas de qualquer jeito.
Ontem você foi no mercadinho da esquina e ia saindo com o troco errado até que a moça do caixa te chamou e corrigiu a situação. Ela, muito simpática e, até aí, nada de muito fora do comum.
Hoje você foi lá de novo e a moça estava de cara fechada.
Se sua conclusão a respeito do motivo de ela estar de cara fechada tem qualquer relação com a situação do troco errado de ontem, você está vivendo no mundo da fantasia. Primeiro, porque nem faz sentido. Segundo, porque não tem como saber. E, terceiro, porque você nem deveria estar tirando conclusões sobre esses assuntos mundanos irrelevantes.
Não preencha lacunas no seu conhecimento, na sua consciência. Você não sabe coisas demais para poder fazer isso. Contente-se com o que você sabe.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. (1 Coríntios 13:11)
Tudo tem seu momento e seu lugar, mas em alguns casos criamos algum tipo de conexão emocional com coisas que já não nos servem, não edificam mais e, no geral, nos prendem em alguma fantasia a respeito de um tempo que já passou.
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. (Mateus 26:41)
É triste que tão pouco se ensine sobre como vigiar. “Vigiar é estar atento”, dizem. Mas atento a quê? Você consegue colocar no papel uma lista de coisas para as quais deve-se atentar? Você consegue dizer como faz para vigiar? Ou se contenta com um conceito completamente abstrato de vigilância?
A palavra “halt”, em inglês, significa “parar”, mas como sigla, nesse caso, significa “Hungry, Angry, Lonely, Tired“: com fome, com raiva, sentindo-se só, cansado. O método vem das comunidades de recuperação de viciados: são nesses momentos em que é mais fácil ter recaídas.
Devemos vigiar a todo instante! E isso é algo a ser exercitado. Mas se você não faz ideia de onde começar, eis aí um método que poder ser-lhe útil.
Dizem ser nos momentos difíceis que o caráter se revela. Mas a verdade é que o caráter se manifesta a todo momento.
“Caráter” é como chamamos cada letra, cada “carimbo” numa prensa ou numa máquina de escrever. O caráter “S” sempre fará marcas em formato de “S”. O caráter “X” sempre fará marcas em formato de “X”.
A melhor oportunidade para o covarde em você é quando surge uma desculpa convincente para a inação. Você pode culpar outra pessoa, sua esposa, seus colegas de trabalho, o governo, a “má sorte”, o tempo chuvoso ou o que for, mas no fim das contas, por mais que superficialmente o raciocínio pareça ser sólido, o fato permanece: nada disso é mais do que pura covardia.
Dizem que quando Napoleão falou sobre invadir a Itália, alguém rapidamente lhe disse “mas, senhor, lembre-se dos Alpes!”, ao que Napoleão rapidamente respondeu: “não haverá Alpes”.
Se ninguém pode fazer você feliz, por que você vai permitir que alguém te deixe triste?
É claro, é perfeitamente saudável e recomendável que queiramos cuidar das pessoas que amamos, assim como é saudável ter um senso de justiça. Há uma porção de circunstâncias que podem nos entristecer e seria estranho se fôssemos absolutamente apáticos.
Mas não devemos permitir que as tempestades nas almas alheias gerem tempestade nas nossas próprias. Se sua esposa está criando caso com algo insignificante, não importa o quão nervosa ela esteja, você permanece de cabeça fria. Se seu chefe está gritando contigo, você permanece sereno, focando sua energia na ação (o que precisa ser feito nesse momento), não na reação (sobre o que quer que tenha acontecido).
Embora nossa tendência natural seja gravitar em torno das coisas confortáveis, do familiar, do seguro e do tranquilo, as coisas confortáveis, familiares, seguras e tranquilas dificilmente trazem avanço para nossa vida. Quem nunca troca de emprego geralmente ganha menos. Quem não tem a coragem de começar uma conversa com a mulher que gosta geralmente fica sozinho.
O problema do conforto é que ele cria esse hábito ruim de não fazer nada. E isso contraria tudo o que vem sendo dito sobre ser um homem de ação, sobre assumir responsabilidades, sobre ser um porto seguro — porque a segurança das coisas familiares é falsa. O homem confortável torna-se logo um homem despreparado, destreinado, desabituado a agir.
Conforto é bom na hora do descanso. E há hora para descanso. Mas há muito mais horas de trabalho. Muito mais.